quarta-feira, março 23, 2016

Alice, meu amor!

Olá a todos! Após um interregno de alguns anos, não porque tenha havido qualquer problema, mas por questões pessoais das mais variadas, este blog não tem sido actualizado. Muita coisa mudou, deixei o Algarve fisicamente, vendi a casa, terminei um mestrado, enveredei num doutoramento, emprego ainda nem vê-lo, mas como é comum dizer: «'Tá-se bem!»
A casa foi vendida em Julho, altura em que deixei a Alice sob os cuidados da Vanda e do Edgar, o par de Nhó-nhós ficou assim incumbido de tomar conta dela, achava eu que por 1 ou 2 semanas, mas as coisas complicaram-se e só agora, quase 8 meses depois é que consegui rever a minha fiel amiga. Foi o delírio! Ambos chorámos com o reencontro, ela até ronronou! E mesmo depois de todo este tempo parada, carregada a bateria, pegou à primeira! Seguiu para a revisão, que já devia ter sido feita em Dezembro. O tratamento na oficina foi impecável, ainda tive direito a lavagem e a uma proposta indecente, tentaram comprar-me a Alice, dizem que meninas como ela têm muita saída! Eu sei! Se não fosse uma gaja boa não estava 'comigue' (como se diz na minha terra)! A foto acima é do trivial, delicioso momento de ócio nessa grande instituição, que tem a sede má linda do mundo, o MCF (Motoclube de Faro).
Terminado o café, vamo-nos despedir da praia de Faro, local que já não vemos há muito (demasiado) tempo, e não sabemos quando teremos a oportunidade de voltar... :'(
Água límpida em dia de vento, obras e um delicioso aroma a maresia. Prometo voltar!
E os dias foram passando e estas minhas férias foram chegando ao fim, não sem ter feito umas incursões pela cozinha com um excelente caril de frango, e uns pregos no dia seguinte que desapareceram num instante. Ainda não perdi o jeito, aparentemente...
Bom, terminadas as férias havia duas hipóteses, deixar a Alice novamente, ou rumar com ela a Norte, ficaram confusos? Eu não! Lá fomos os dois por essa estrada fora! Numa  de papa-léguas, mas não sem antes carregarmos dois folares tradicionais algarvios (infelizmente não consegui comprar folar de chocolate, estava esgotado :( ) e dois pães caseiros (em Almodôvar comprei outro pão caseiro e um chouriço, mas já lá vamos). Complicado foi chegar à EN2 para seguir viagem, já que Faro está em obras para terminar a variante e fecharam-me o acesso, tive que ir dar a volta turística. Coisas... Depósito cheio, bexiga vazia, EN2 pela frente, serra do caldeirão aqui vamos nós! Vrrruummmmmmmm! Paragem obrigatória na fonte férrea para uma foto de despedida. No trajecto encontrámos ciclistas, viajantes de bicicleta e atrelado cheios de tralhas, e carros (big mistake, esta estrada não é para enlatados!).
 Tristemente o marco 666 foi vandalizado... E há pela estrada obras em barda, com os típicos buracos de lado a lado um palmo de escavação e no fundo gravilha, muita gravilha, excelente para se dar um monumental malho, é o País que temos, mas eu não me conformo com isso. Entre Ferreira do Alentejo e Torrão o lagar de azeite destilava à grande, é giro passar com a Alice a ronronar por essas simpáticas localidades alentejanas e a malta ficar a olhar como se de um tapete voador se tratasse. Não é, é melhor que um tapete voador! E ler nos olhos enterrados naquelas caras encorreadas: "ahhh, se eu fosse mais novo...". Pois é amigos, já não sou assim tão novo, mas há que aproveitar enquanto a saúde o permite, e o momento para se viver não é amanhã, é hoje, é agora!
Chegado a Montemor-o-novo, desta vez achei que devia, apesar de não conhecer ainda este troço, seguir pela EN2, era imperativo! Enchi o depósito, não havia aditivada (tristeza!), a Alice fartou-se de resmungar, mas infelizmente pouco se pôde fazer.
Este troço, que eu nunca tinha feito, é tão bom como o outro, só ficou confuso na Sertã, mas já lá vamos...
Em Mora parei para lanchar e telefonar à Maria, foi difícil achar uma pastelaria, mas lá consegui, e marchou uma bela bola-de-berlim, cuja massa tinha toques de canela e o molho era algo agridoce, empurrada por um maravilhosamente tirado galão. Pequenos luxos.
Passei no "peixanário", como diria o falecido António Feio, também conhecido por fluviário. Tenho que cá voltar para entrar, desta vez não deu, íamos com alguma fome de quilómetros, e este troço da EN2 faz-se de punho virado, no limite que o anjo-da-guarda permite. E... Descobri o "Cabeção", devo dizer que também passei na "Picha" e em "Cansados", vá-se lá saber em que pensava esta gente quando deu o nome à santa terrinha... :)
Foram 460 km de EN2, porque próximo de Góis o cair da noite e a falta de marcação da via complicaram (e muito) a condução, juntamente com o frio, decidi rumar à Lousã -> Coimbra e continuar em estradas mais movimentadas. Percebe-se à noite, e pela falta de iluminação a desertificação a que o interior está votado. Tristemente. Ainda deu para apanhar uns sustos, um com estrada esburacada e gravilha, um par de cães abandonados que ao desviar-me de um, por pouco não acertei no outro, em Abrantes decidiram fechar a ponte, pautando-se numas horas à espera nas filas, e num momento de pouca lucidez enquanto me esticava para ver a fila ia deixando cair a Alice... Por último, na serra, sem vivalma por perto ouvi um estoiro no pneu de trás, felizmente foi uma pedra e não um furo, tinha sido mau, nem um candeeiro para amostra, nem uma casa, nem movimento, ficávamos sozinhos no meio de nada. 
Este troço da EN2 tem paisagens esplendorosas, dignas daqueles livros de promoção turística (como a que publico aqui, com os respectivos direitos de autor, uma vez que não é minha), ou até mesmo de filmes como "O Senhor dos Anéis", é a barragem do Cabril.460 km da EN2 conhecidos, falta só o troço entre Castro-de-aire e Chaves para ficar completo, e depois, um dia, proximamente, pretendo fazer tudo a eito, nuns 3 ou 4 dias para poder ver, fotografar e saborear toda esta estrada que é a terceira maior do mundo, só ficando atrás da Route 66 americana e da Ruta 40 na argentina!
Até já!